Sou algo num corpo de Alguem O mundo já não me fala mais, não tenho assunto para lhe dizer…escorregam-me as palavras sem o coração as sentir,
Não as sente porque é falso…
É falso como este sorriso meu que não compreendo, rir sem sentir torna-se uma máxima do dia-a-dia!
Sorrio para o mundo, mas por dentro choro todos os dias, choro por não me conhecer…
Choro por não me querer, por não ser aquilo que procuro…
Sou algo no corpo de alguém, não me vejo ao espelho, lá, nesse reflector da alma, só vejo uma sombra…um nada!
Estou farto de nunca rir por assim o ser, farto de rir porque assim o tem que ser…
Sou falso, mentira com pernas… já não me rio porque sinto, rio porque não mais sei sentir!
Caminho, acompanhado pela minha sombra, só ela me compreende, eterno Peter Pan, podes assim me chamar.
Nunca me conheci, houve tempos, tempos já idos em que sonhava que eu era eu, mas o tempo, tal como o corpo, cresceu, a vida já não me aparece a cores, aparece uniformizada de cinzento, negro claro da incompreensão!
Rodeiam-me outros, sim outros, não digo conhecidos porque se eu não sou eu, o eu que eles conhecem não conheço eu… meros, grande outros! Sinto-me só…
Nunca sei o que é aquele que dia após dia, insiste em levantar-se da cama…insiste em cobrar mais umas quantas lufadas de ar fresco, não sei quem é esse que olha para o espelho. Nele só vejo um mentiroso, alguém que ri durante um choro interior, alguém…
Farto-me deste respirar constante, farto-me de longos caminhos, mesmo estando sentado…estou farto de arfar no fim de 2 passos algures dentro de mim, estou farto de ver e não compreender!
Talvez esteja mais farto de não ser compreendido! Mas, seja o que for, estou farto… ia saber tão bem fechar os olhos e não mais os abrir, percorrer longos campos verdes, onde as cores aparecem outra vez, onde já não vejo cinzento, mas sim colorido…ia saber tão bem!