Sunday, January 28, 2007

And so I say...


Leio com sombras um texto claro. Se sou tão eu, porque é que duvido da pessoa que me olha ao espelho? Já não sei. Perdi a minha alma algures nesse mundo longe. Longe onde os anjos saltam por entre brancas escrituras no ar; longe onde o cheiro da relva fresca era uma presença constante num Eu que sabia quem era. Mas os saltos cessaram, foi decretada morte ao branco. A relva foi queimada… Só ficou uma criança, doce rei Artur que emerge duma casa em chamas, para evocar a força do pai e tirar a lâmina da sabedoria da velha rocha. Mas a mim não vem Excalibur, só as cobras de Shiva que me abraçam o coração.

Mero nada…

Vejo a razão da queda do meu império, vejo a falha de Brahma, o criador…morte de um Lótus. Vejo o negro numa verdade que só eu quis ver, abertura de um túmulo feito por mim. Doces hieróglifos que vi. E sabia as palavras, elas cantam na minha alma. Invadem a minha mente à noite, quando o sonho comanda a vida, já dizia um incógnito de conhecimento múltiplo; no entanto não perdi a vontade, voltei a ler as palavras que tanto sabia que não queria.

Já nem sei, em que folhas ando a escrever…

Perco-me nos caminhos já descobertos, caminhos já percorridos por espectros viajantes, discípulos de Set. Eles esperam. Eles procuram-me. Só me restas tu, minha doce noiva.

O abraço de uma vida…

Prisão de vidro. Lenta expiração da alma. Repões o ar que me da vida, mas de que vale tentar
encher algo furado?! Ate quando vais tu continuar a soprar…?

Sou o retorno de um pensamento afundado…

A noite já lá vem, horas de contar as estrelas. Vem minha Aleera, vamos partir neste escuro meu, de mãos dadas percorremos a noite. A lua e nós. Vamos contar as estrelas juntos.
A eternidade chama pelo confuso viajante.

Tuesday, January 23, 2007

Sou algo num corpo de Alguem


O mundo já não me fala mais, não tenho assunto para lhe dizer…escorregam-me as palavras sem o coração as sentir,
Não as sente porque é falso…
É falso como este sorriso meu que não compreendo, rir sem sentir torna-se uma máxima do dia-a-dia!
Sorrio para o mundo, mas por dentro choro todos os dias, choro por não me conhecer…
Choro por não me querer, por não ser aquilo que procuro…
Sou algo no corpo de alguém, não me vejo ao espelho, lá, nesse reflector da alma, só vejo uma sombra…um nada!
Estou farto de nunca rir por assim o ser, farto de rir porque assim o tem que ser…
Sou falso, mentira com pernas… já não me rio porque sinto, rio porque não mais sei sentir!
Caminho, acompanhado pela minha sombra, só ela me compreende, eterno Peter Pan, podes assim me chamar.
Nunca me conheci, houve tempos, tempos já idos em que sonhava que eu era eu, mas o tempo, tal como o corpo, cresceu, a vida já não me aparece a cores, aparece uniformizada de cinzento, negro claro da incompreensão!

Rodeiam-me outros, sim outros, não digo conhecidos porque se eu não sou eu, o eu que eles conhecem não conheço eu… meros, grande outros! Sinto-me só…
Nunca sei o que é aquele que dia após dia, insiste em levantar-se da cama…insiste em cobrar mais umas quantas lufadas de ar fresco, não sei quem é esse que olha para o espelho. Nele só vejo um mentiroso, alguém que ri durante um choro interior, alguém…
Farto-me deste respirar constante, farto-me de longos caminhos, mesmo estando sentado…estou farto de arfar no fim de 2 passos algures dentro de mim, estou farto de ver e não compreender!

Talvez esteja mais farto de não ser compreendido! Mas, seja o que for, estou farto… ia saber tão bem fechar os olhos e não mais os abrir, percorrer longos campos verdes, onde as cores aparecem outra vez, onde já não vejo cinzento, mas sim colorido…ia saber tão bem!

Friday, January 19, 2007

Nunca fui o que nunca vi...


Foi em mim que procurei as respostas
Vigiei o meu próprio ser de fora para dentro…tornei-me um mero espectador da minha vida
Procurei sentir o que não se pode pedir para sentir…procurei sentir-me…
Toquei-me…
Nada sentia, nada sinto…


Sou um mero espectador


Foram mais que muitos os toques, os beijos os sentidos…
São menos do que quis
Foram mais do que alguma vez compreendi…
São nada mais que fumo na noite para mim!


Procurei uma saída para mim próprio,
Só o espelho me ofereceu uma…
Só ao espelho neguei uma…


Sou um mero espectador…


Tenho a alma doente por não saber…
Corto-me por não conseguir ver, sentir…
Por não me conseguir tocar!


Choro sozinho,
A lua toca a minha cara…doce melodia!
Respiro sem me aperceber…
Talvez mesmo sem querer…
Ando nas ruas escuras, viajo sozinho não sei para onde,
Corro de algo sem me mexer…
Não me sei compreender


O sol já a muito que se pôs, acordo de um sonho para viver uma realidade…


Vejo-te então, de negro vestido tingido de branco
Procuro então respostas, procuro-me mais uma vez!
Já me das a conhecer,
Respondes sem palavras a dúvidas que te ponho...

Não é preciso falar!
Sou um mero espectador…

Friday, January 12, 2007

‘vai ser perfeito o teu dia meu anjo…'


O tempo à muito que lhe dificultava a visão. Seguia pela estrada em silêncio, só a companhia constante do falatório do motor e a passagem esporádica de luzes que se ligavam a outros carros, marcavam esta viagem…
A chuva transformava a estrada na sua amante, ambas beijavam-se e agarravam-se, tal noite de calor entre dois namorados!
Ele olha pelo espelho retrovisor, movimento mecanizado de um pai atento. No banco detrás, dorme um pequeno anjo, ‘o meu pequeno anjo’, pensava este pai babado, e muitas eram as razoes para estar assim, a pequena menina fazia hoje 5 anos, primava não só pela inteligência excepcional para a sua idade, mas também por uma beleza que fazia a própria Vénus tapar os olhos sempre que, num lapso divinal, os seus olhos pousavam nesta pequena criatura! Tinha a cara de um pequeno anjo, rechonchuda, cabelos loiros e uns olhos azuis que se tornavam sempre em assunto de elogios quando a pequena Sarah se encontrava em família. ‘Sarah, não podia combinar mais com ela, não sei o que fazia sem ti meu amor’!

O fruto do amor entre a chuva e a estrada, dava lugar a um nevoeiro cada vez mais pesado.

‘O dia vai ser perfeito’, pensava o pai, ‘vamos diverti-nos como loucos, chega de desgraças’, não fazia mais de um ano que a mãe do pequeno anjo morrera num acidente de carro… dia negro para a família!
‘Papá!’, exclamou sarah, abrindo os olhos de um modo lento, como que não se lembrando onde estava, nem que ia fazer, mas de repente tudo lhe veio à memoria e num salto eufórico abraçou o pai, ‘papá, papá, hoje faço anos… e o papá vai-me levar a passear, la la la!!’, começou então a entoar uma pequena musica sem qualquer nexo lógico, típico das crianças quando estão num estado de euforia.
‘Sim hoje o meu pequeno anjinho faz anos, e o papá vai leva-lo a um sitio muito especial’, respondeu com o mais terno dos sorrisos este pai babado, ‘ papá, papá, tu também vens comigo para este sito especial?!’, perguntou de um modo inocente a pequena Sarah, ‘ bem não vou poder seguir-te sempre, certas diversões são só para os pequenos meninos, e o pai não vai poder ir contigo! Mas não te preocupes que vou estar sempre do outro lado à tua espera’, respondeu o pai.
O nevoeiro estava cada vez pior, mesmo com os faróis de nevoeiro ligados era difícil ver mais que 2 a 3m à sua frente, ‘raios la po tempo..’, pensou frustrado o pai. As luzes dos outros carros há muito que não se viam, assim como os sinais que se encontravam pela estrada: ‘perigo, ponte incompleta, siga pelo desvio! Pedimos desculpa pelo incómodo! ‘
‘Sabes uma coisa papá, adoro-te’, disse o pequeno anjo, ‘ e o pai também te adora, és tudo para mim! E como tal o pai vai transformar este dia num dia único, magico…’
Ouviu-se uma guinada, e no espaço de visão de 2 a 3m, o pai viu um carro que, por pouco, não lhes bateu para fazer um desvio de ultima hora, ‘mas que raio… mas anda tudo maluco?!’, resmungou o pai! O nevoeiro estava cerrado, e a atenção do pai tinha ido toda para o palhaço que quase lhe bateu no carro a fazer uma manobra estúpida!
Não viu os avisos! O outro carro tinha batido contra as barreiras, por isso não passava de uma estrada normal esta pela qual se dirigiam. Mais um olhar pelo retrovisor para a pequena Sarah, ‘bolas, ela é tão perfeita, sem dúvida que fui abençoado’, pensou o pai, ‘vou tornar este dia único, vai ser perfeito, nada o pode estragar, ela merece! ‘

A pequena Sarah estava no banco detrás a olhar pela janela, pouco tinha para ver, o nevoeiro tapava tudo…
O carro bateu contra algo, as barreiras finais que se põem no fim destas estradas incompletas, apenas servem com sinalização… o pai já não foi a tempo de travar.
A queda foi intemporal, ‘vai ser perfeito o teu dia meu anjo’… No meio do nevoeiro ouviu-se um estrondo… fez-se silencio!

Sunday, January 07, 2007

I’ll go to somewhere...



…where only death knows how to find me



Two souls composing one live…


Can't you see that I’m nobody?
Can't you see that you are no one?!


‘We must survive to this cold night, we must prevail to the North wind…
We need to stay… I need you to stay!


Don’t leave this night, not this…
Stays, breath with me, touch me once more!
I need something new,
I need to feel something different…something like you


… Don’t leave me, don’t take the blind way to live…

Don’t let me in this dark …
I need you…You need me
I need me…
Touch me
Embrace me…
Bring me the white night,
Show me the full moon in your eyes…
Kiss my heart, I offered him to you…
I need you to stay,
I need your comprehension…
Understand me, don’t shot me!
I need your kiss…
I need to be in somewhat different.
I can’t…I want…I’m going insane…I’m dieing inside!

I don’t want to… I can not die!
I CAN NOT… I don’t want to!
Help me, you can show me, you can lead away from the grave!
Can you…?
Can you be this to me…can you embrace my thought?’

- in the desert fields of sorrow, while the moon conquers the sky, a confuse heart asks to another heart this, and the answer was…

Thursday, January 04, 2007



Num dia como outro, numa terra como as outras, duas pessoas como as outras, tem uma conversa com qualquer outra! Falam normal, no entanto ambos não se ouvem… sussurram palavras de explicação e de despedida; mas a mão não as quer largar… Trocam olhares de confusão, corrompidos pela certeza dos actos, confundem-se as almas… mas n há volta a dar, a dança com os une, há muito que os devia separar!

As palavras escorregam pela boca sem que o coração as possa apreender, só o vento as ouve: ‘não sei se devemos continuar… adoro-te, com certeza, mas sem amor… no que é que isto pode resultar?!’, confusa a outra voz prendesse no nada, amua com a cabeça em sinal de compreensão, ‘sim tens razão, embora n me queira afastar… sinto-me confusa, mas também acho que esta é a melhor solução…’
Os sorrisos, normais entre os outros, passam ao lado das vozes, que estando sentadas num muro como outro qualquer, sentem-se desamparadas…

A mão separa-se… Já n há volta dar, chega a confirmação dum acto normal, mas sem dúvida complicado de exprimir, complicado de aceitar!
Gelam-se os corpos...
O olhar é desviado para o lado, como uma última tentativa de aliviar a pressão no ar… falhada!

Solta-se um suspiro como outro... as vozes levantam-se como outra qualquer, olham um para o outro... vêem a vida que já não é…
como outra qualquer…
As costas viram-se num fulminante adeus sem palavras…começam a andar…
Num dia como outro, numa terra como as outras, duas pessoas como as outras, tem uma conversa com qualquer outra… numa despedida como muitas outras, choram as almas que nunca foram como as outras, chora a mente que não é igual!

E foi assim, num dia diferente para ambos que o adeus deu lugar aos lábios, que o olhar negro deu lugar ao toque doce… é tempo de acordar, a dança acabou!

Wednesday, January 03, 2007

I need your embrace

'cause what have I to lose?!



In the frozen fields of regret, I heard a voice from the very deep of me…
She hasn’t lucid, couldn’t understand

In the frozen fields of nothing, I stopped to look to broken mirror…
this mirror show something about me, I couldn’t see

In the frozen fields of dead hearts, I chock at something…
In this frozen land, I up my head to see…

I could not believe,
I had chocked against myself…

‘Can’t be, no no.. it can not be possible’…

Finally, in the frozen fields of death, I understand the voice…
I saw what the mirror wants to show…

Is nothing more then…
Me…I’ve breathe my last breath…

In this frozen field, named as Hell
A voice was calling me out, promising eternal R.I.P to my soul…
A broken mirror shows me an alternative…
A new live… a new start to an old ending

Steel, the Voice was there…

My eyes start to drop blood…

‘I’ll not return’- I’ve said to this voice –‘there’s nothing there to me…’ – my voice was starting to fail –‘Show me… Take me ‘home’, this time for all… I don’t care’

The Voice lead me ‘home’…!
‘What can I lose...?’- I think to myself, and continue walking for all time without ending in this no one land


[no more]

Ricardo Reis- 'Nada Fica'


Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada